domingo, 14 de março de 2010

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Os Sofistas

O Século de PÉRICLES (V a.C.) constitui o período áureo da cultura grega, quando a democrática Atenas desenvolve intensa vida cultural e artística. Os pensadores do período clássico, embora ainda discutam questões referentes à natureza, desenvolvem o enfoque antropológico, que abrange a moral e a política.

Os sofistas vivem nessa época, e alguns deles são interlocutores de Sócrates. Os mais famosos foram: Protágoras de Abdera (485-411 a.C.); Górgias, de Leôncio, na Sicília (485-380 a.C.); Híppias, de Élis; e ainda Trasímaco, Pródico, Hipódamos, entre outros. Tal como ocorreu com os pré-socráticos, dos sofistas, só nos restam fragmentos de suas obras, além das referências - muitas vezes tendenciosas - feitas por filósofos posteriores.

A palavra sofista, etimologicamente, vem de sophos, que significa "sábio", ou melhor, "professor de sabedoria". Posteriormente adquire o sentido pejorativo daquele que emprega sofismas, ou seja, alguém que usa do raciocínio capcioso, de má-fé, com intenção de enganar. Sóphisma significa "sutileza de sofista".

Os sofistas sempre foram mal interpretados por causa da críticas que a eles fizeram Sócrates e Platão. A imagem de certa forma caricatural de sofística tem sido reelaborada na tentativa de resgatar a sua verdadeira importância. Desde que os sofistas foram reabilitados por Heigel no século XIX, o período por eles iniciado passou a ser denominado Aufklarung grega, imitando a expressão alemã que designa o Iluminismo Europeu do século XVIII.

São muitos motivos que levaram à visão deturpada sobre os sofistas que a tradição nos oferece. Em primeiro lugar, há enorme diverside teórica entre os pensadores reunidos sob a designação de sofista. Talvez o que possa identificá-los é o fato de serem considerados sábios e pedagogos. Vindos de todas as partes do mundo grego, ocupam-se de um ensino itinerante pelos locais em que passam, mas não se fixam em lugar algum. Deve-se a isso o gosto pela crítica, o exercício de pensar resultante da circulação de ideias diferentes.

Segundo Jaeger, historiador da filosofia, os sofistas exercem influência muito forte, vinculando-se à tradição educativa dos poetas Homero e Hesíodo. Os sofistas dão importante contribuição para a sistematização do ensino, formando um currículo de estudos: Gramática (da qual são os iniciadores), retórica e dialética; por influência dos pitagóricos, desenvolvem a aritimética, a geometria, a astronomia e a música.

Para escândalo de seus contemporâneos, costumavam cobrar pelas aulas e por esse motivo Sócrates os acusa de "prostituição". Cabe aqui um reparo: na Grécia antiga, apenas a aristocracia se ocupava com o trabalho intelectual, pois gozava do ócio, ou seja, da disponibilidade de tempo, já que o trabalho manual, de subsistência, era ocupação de escravos. Ora, os sofistas, geralmente pertencentes à classe média, fazem das aulas seu ofício, por não serem suficientemente ricos para se darem ao luxo de filosofarem. Se alguns sofistas de menor valor intelectual pudessem ser chamados de "mercenários do saber", isso na verdade era acidental, não se aplicando à maioria.

Os sofista elaboraram o ideal teórico da Democracia, valorizada pelos comerciantes em ascenção, cujos interesses passam a se contrapor aos da aristocracia rural. Nessas circunstâncias a exigência que os sofistas vêm satisfazer é de ordem essencialmente prática, voltada para a vida, pois iniciam os jovens na arte da retórica, instrumento indispensável na assembleia democrática, e os deslumbram com o brilhantismo da participação no debate público.

Se forem acusados pelos seus detratores de pronunciarem discursos vazios, essa fama se deve à execiva atenção dada por alguns deles ao aspecto formal da exposição e da defesa da ideias, na medida em que se acham convencidos de que a persuasão é o instrumento por excelência do cidadão na cidade democrática. Os melhores deles, no entanto, buscam aperfeiçoar os instrumentos da razão, ou seja, a coerência e o rigor da argumentação porque não basta dizer o que se considera verdadeiro, é preciso demonstrá-lo pelo raciocínio. Pode-se dizer que aí se encontra o embrião da lógica, mais tarde desenvolvida por Aristóteles.

Quando Protágoras, um dos mais importantes sofistas, diz que "o homem é a medida de todas as coisas", esse fragmento deve ser entendido não como expressão do relativismo do conhecimento, mas como exaltação da capacidade de construir a verdade: o logos não mais é divino, mas decorre do exercício técnico da razão humana.

Texto retirado de: Filosofando Introdução à filosofia. Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Marins. Editora Moderna.
SOFISTAS: Os mestres da argumentação.

Na Grécia antiga, o período pré-socrático foi dominado, em grande parte, pela investigação da natureza. Essa investigação tinha um sentido cosmológico. Consistia na busca e explicações racionais para o universo manifestando-se na procura de um principio primordial (a arché) e todas as coisas existentes. Surgiu-se a esse período uma nova fase filosófica, caracterizada pelo interesse no próprio homem e nas relações políticas do homem com a sociedade. Essa nova fase foi marcada, no início, pelos sofistas.

Os sofistas eram professores viajantes que, por determinado preço, vendiam ensinamentos práticos de filosofia. Levando em consideração os interesses dos alunos, davam aulas de eloquência e de sagacidade mental. Ensinavam conhecimentos úteis para o sucesso nos negócios públicos e privados.

O momento histórico vivido pelo mundo grego favoreceu o desenvolvimento desse tipo de atividade praticada pelos sofistas. Era uma época de lutas políticas e intenso conflito de opiniões nas assembleias democráticas. Por isso, os cidadãos mais ambiciosos sentiam necessidade de aprender a arte de argumentar em público para conseguir persuadir em assembleias e, muitas vezes, fazer prevalecer seus interesses individuais e de classe.

As lições dos sofistas tinham como objetivo, portanto, o desenvolvimento da argumentação e da habilidade retórica, do conhecimento de doutrinas divergentes. Eles tinham enfim, todo um jogo de palavra, raciocínios e concepções que seria utilizado na arte de convencer as pessoas, driblando as teses dos adversários.

Essas características dos ensinamentos dos sofistas favoreceram o surgimento de concepções filosóficas relativistas sobre as coisas. Para o relativismo, não há uma verdade única, absoluta. Tudo seria relativo ao indivíduo, ao momento histórico, a um conjunto de fatores e circunstâncias de uma sociedade.

Nem Heróis nem Vilões

Etimologicamente, o termo sofista significa "sábio". Entretanto, com o decorrer do tempo, ganhou o sentido de "impostor", devido, sobretudo, às criticas de Platão.

Desde então se considerou a sofística, isto é, a arte dos sofistas, apenas uma atitude viciosa do espírito, uma arte de manipular raciocínios, de produzir o falso, de iludir os ouvintes, sem qualquer amor pela verdade.

A verdade, em grego, se diz aletheia e significa a manifestação daquilo que é, o não-oculto. Aletheia se opõe a pseudos que significa o falso, aquilo que se esconde, que ilude. Os sofistas parecem não buscar a Aletheia; se contentam com pseudos. Tanto assim, que se usa a palavra sofisma, derivada de sofista, para designar um raciocínio aparentemente correto, mas que na verdade é falso ou inconclusivo, geralmente formulado com o objetivo de enganar alguém.

Entretanto, abordagens mais recentes sobre a atuação dos sofistas procuram mostrar que o relativismo de suas teses fundamenta-se numa concepção flexível sobre os homens, a sociedade e a compreensão do real. Para os sofistas, as opiniões humanas são infindáveis, diversas e não podem ser reduzidas a uma única verdade. Assim, não existiriam valores ou verdades absolutas.

É importante destacar, porém, que não existe uma doutrina sofística única. O que há são alguns pontos comuns entre as concepções de certos sofistas como PROTÁGORAS, GÓRGIAS e outros, que permitiu que fossem considerados como um conjunto ou corrente.

Protágoras de Abdera: o homem como medida

O "homem é a medida de todas as coisas". A frase de Protágoras tem sido interpretada segundo a tradição democrática contemporânea: o conhecimento do mundo é uma criação humana; portanto se constitui mediante o uso de nossa capacidade de perceber e entender as coisas, que varia de pessoa para pessoa, e de formar consensos.

Nascido em Abdera, cidade litorânea entre a Macedônia e a Trácia, Protágoras (480-410 a.C.) é considerado o primeiro e um dos mais importantes sofistas. Ensinou por muito tempo em Atenas, tendo como princípio báscivo de sua doutrina a a ideia de que o homem é a medida de tudo que existe.

Conforme essa concepção, todas as coisas são relativas às disposições do homem, isto é, o mundo é o que o homem constrói e destrói. Por isso não haveria verdades absolutas. A verdade seria relativa a determinada pessoa, grupo social ou cultura.

A filosofia de Protágoras sofreu em seu tempo por dar margem a um grande subjetivismo: tal coisa é verdadeira se para mim parece verdadeira. Assim, qualquer tese poderia ser encarada como falsa ou verdadeira, dependendo da ótica de cada um.

Górgias de Leontini: o grande orador

Górgias de Leontini (487-380 a.C., aproximadamente), considerado um dos grandes oradores da Grécia, aprofundou o subjetivismo relativista de Protágoras a ponto de defender o ceticismo absoluto. Afirmava que:
a) nada existia;
b) se existissr, não poderia ser conhecido;
c) mesmo que fosse conhecido, não poderia ser comunicado a ninguém.


Texto adaptado, retirado de: COTRIM Gilberto, Fundamentos da Filosofia História e Grandes Temas, Editora Saraiva.

Curso: Direito
Disciplina: Filosofia I
Prof(a): Valéria

Apresentação de trabalho

Grupo 3 : até 9 membros
Tema: Os sofistas
Data de apresentação:
Pontos: 20 pontos

  • Entregar para a professora um texto escrito com o resumo sobre o tema para a professora – até 5 páginas - e outro para a turma -– 1 ou 2 páginas.
  • O texto escrito deverá ser elaborado pelo próprio grupo.
  • Qualquer referência de livros ou Internet deverá ser citada devidamente (colocando aspas, página e referência bibliográfica completa).
  • Ver normas da ABNT, disponível no site da PUC, biblioteca.
  • É importante uma conclusão contendo uma avaliação do grupo com relação ao tema apresentado.
  • Roteiro: Apresentar as idéias centrais dos sofistas e caracterizar os principais grupos de sofistas.
  • Relacionar os sofistas com o Direito.
  • A forma de apresentar o trabalho fica a critério do grupo ( exposição do tema pelos membros do grupo, uso de data show , teatro, dinâmicas com a turma, vídeo...)
Bibliográfica Básica:
REALE, Giovanni Reale, ANTISERI, Dario. História da Filosofia. Vol. I. São Paulo: Paulinas, 1990.
Diálogos de Platão: Sofista (tem várias definições do sofista)
Teeteto (visão do conhecimento dos sofistas)
Textos de Bárbara Cassin – Biblioteca da Puc.