domingo, 28 de fevereiro de 2010

SOFISTAS: Os mestres da argumentação.

Na Grécia antiga, o período pré-socrático foi dominado, em grande parte, pela investigação da natureza. Essa investigação tinha um sentido cosmológico. Consistia na busca e explicações racionais para o universo manifestando-se na procura de um principio primordial (a arché) e todas as coisas existentes. Surgiu-se a esse período uma nova fase filosófica, caracterizada pelo interesse no próprio homem e nas relações políticas do homem com a sociedade. Essa nova fase foi marcada, no início, pelos sofistas.

Os sofistas eram professores viajantes que, por determinado preço, vendiam ensinamentos práticos de filosofia. Levando em consideração os interesses dos alunos, davam aulas de eloquência e de sagacidade mental. Ensinavam conhecimentos úteis para o sucesso nos negócios públicos e privados.

O momento histórico vivido pelo mundo grego favoreceu o desenvolvimento desse tipo de atividade praticada pelos sofistas. Era uma época de lutas políticas e intenso conflito de opiniões nas assembleias democráticas. Por isso, os cidadãos mais ambiciosos sentiam necessidade de aprender a arte de argumentar em público para conseguir persuadir em assembleias e, muitas vezes, fazer prevalecer seus interesses individuais e de classe.

As lições dos sofistas tinham como objetivo, portanto, o desenvolvimento da argumentação e da habilidade retórica, do conhecimento de doutrinas divergentes. Eles tinham enfim, todo um jogo de palavra, raciocínios e concepções que seria utilizado na arte de convencer as pessoas, driblando as teses dos adversários.

Essas características dos ensinamentos dos sofistas favoreceram o surgimento de concepções filosóficas relativistas sobre as coisas. Para o relativismo, não há uma verdade única, absoluta. Tudo seria relativo ao indivíduo, ao momento histórico, a um conjunto de fatores e circunstâncias de uma sociedade.

Nem Heróis nem Vilões

Etimologicamente, o termo sofista significa "sábio". Entretanto, com o decorrer do tempo, ganhou o sentido de "impostor", devido, sobretudo, às criticas de Platão.

Desde então se considerou a sofística, isto é, a arte dos sofistas, apenas uma atitude viciosa do espírito, uma arte de manipular raciocínios, de produzir o falso, de iludir os ouvintes, sem qualquer amor pela verdade.

A verdade, em grego, se diz aletheia e significa a manifestação daquilo que é, o não-oculto. Aletheia se opõe a pseudos que significa o falso, aquilo que se esconde, que ilude. Os sofistas parecem não buscar a Aletheia; se contentam com pseudos. Tanto assim, que se usa a palavra sofisma, derivada de sofista, para designar um raciocínio aparentemente correto, mas que na verdade é falso ou inconclusivo, geralmente formulado com o objetivo de enganar alguém.

Entretanto, abordagens mais recentes sobre a atuação dos sofistas procuram mostrar que o relativismo de suas teses fundamenta-se numa concepção flexível sobre os homens, a sociedade e a compreensão do real. Para os sofistas, as opiniões humanas são infindáveis, diversas e não podem ser reduzidas a uma única verdade. Assim, não existiriam valores ou verdades absolutas.

É importante destacar, porém, que não existe uma doutrina sofística única. O que há são alguns pontos comuns entre as concepções de certos sofistas como PROTÁGORAS, GÓRGIAS e outros, que permitiu que fossem considerados como um conjunto ou corrente.

Protágoras de Abdera: o homem como medida

O "homem é a medida de todas as coisas". A frase de Protágoras tem sido interpretada segundo a tradição democrática contemporânea: o conhecimento do mundo é uma criação humana; portanto se constitui mediante o uso de nossa capacidade de perceber e entender as coisas, que varia de pessoa para pessoa, e de formar consensos.

Nascido em Abdera, cidade litorânea entre a Macedônia e a Trácia, Protágoras (480-410 a.C.) é considerado o primeiro e um dos mais importantes sofistas. Ensinou por muito tempo em Atenas, tendo como princípio báscivo de sua doutrina a a ideia de que o homem é a medida de tudo que existe.

Conforme essa concepção, todas as coisas são relativas às disposições do homem, isto é, o mundo é o que o homem constrói e destrói. Por isso não haveria verdades absolutas. A verdade seria relativa a determinada pessoa, grupo social ou cultura.

A filosofia de Protágoras sofreu em seu tempo por dar margem a um grande subjetivismo: tal coisa é verdadeira se para mim parece verdadeira. Assim, qualquer tese poderia ser encarada como falsa ou verdadeira, dependendo da ótica de cada um.

Górgias de Leontini: o grande orador

Górgias de Leontini (487-380 a.C., aproximadamente), considerado um dos grandes oradores da Grécia, aprofundou o subjetivismo relativista de Protágoras a ponto de defender o ceticismo absoluto. Afirmava que:
a) nada existia;
b) se existissr, não poderia ser conhecido;
c) mesmo que fosse conhecido, não poderia ser comunicado a ninguém.


Texto adaptado, retirado de: COTRIM Gilberto, Fundamentos da Filosofia História e Grandes Temas, Editora Saraiva.

Um comentário:

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